O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relembrou, em encontro com reitores das universidades federais nesta quinta-feira (19), a morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Luiz Carlos Cancellier, em 2017.
Lula homenageou o reitor, que se suicidou em um shopping de Florianópolis dias após ter sido alvo de uma investigação da Polícia Federal (PF). O presidente disse que Cancellier se matou “pela pressão de uma polícia ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas que condenaram antes de investigar e julgar.”
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“Pode ter morrido a sua carne, mas as suas ideias continuaram entre nós, a cada momento que a gente pensar em educação, na formação profissional e intelectual do povo brasileiro”, disse.
Lula falou que tem muita gente disposta a dar sequência ao trabalho de Cancellier e que há de se “trabalhar para que a gente nunca mais permita acontecer o que aconteceu com o reitor em Santa Catarina”.
O presidente lamentou que a homenagem venha com anos de atraso, já que os dois presidentes anteriores não a promoveram. Ele também postou sobre o reitor em suas redes sociais.
Hoje, há 5 anos e 4 meses, o reitor Luiz Carlos Cancellier se suicidou. E não fizemos nem um ato de despedida, de homenagem, porque há muito tempo não se reúnem os reitores no Brasil. Por isso, queria lembrar hoje de sua memória. Suas ideias seguem vivas.
— Lula (@LulaOficial) January 19, 2023
O caso
Cancellier e outros professores da UFSC foram investigados, em 2017, por conta de supostas irregularidades na distribuição de recursos em cursos de educação à distância da universidade. A Operação Ouvidos Moucos foi conduzida, na época, pela Polícia Federal (PF).
Após a morte do reitor, se discutiu muito sobre o modo como a operação estava sendo conduzida, a espetacularização do caso e uma suposta falta de provas. A polícia divulgou que o total de dinheiro desviado teria sido de R$ 80 milhões e voltou atrás, retificando que esse valor, na verdade, era o total destinado ao programa, mas o número já havia sido amplamente divulgado pela mídia.
Segundo a família de Cancellier, o ato extremo foi desencadeado após a prisão do reitor em 14 de setembro daquele ano.
Ele foi detido após ser acusado de interferir nas investigações. No dia seguinte à prisão, a juíza federal Marjorie Freiberger determinou sua soltura por falta de provas apresentadas pela delegada Erika Marena, que também atuava na Operação Lava Jato.
Todo o processo contou com intensa exposição e cobertura midiática, e a família de Cancellier acusou a PF de abuso de poder. No bolso de Cancellier, foi encontrado um bilhete junto à sua carteira de motorista que dizia: “A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade”.
Se estiver pensando em suicídio, o Centro de Valorização à Vida (CVV) tem voluntários treinados à disposição, de segunda a segunda, 24h por dia, no telefone 188 (com ligações gratuitas) e por chat e e-mail.
Este conteúdo foi originalmente publicado em Quem foi Luiz Carlos Cancellier, reitor homenageado por Lula no site CNN Brasil.