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Em dia de motociata em SP, cartão corporativo pagou mais de R$ 62 mil em uma lanchonete

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No dia 15 de abril de 2022, o cartão corporativo de pagamentos da Presidência pagou R$ 62,2 mil em fornecimento de alimentos na Lanchonete Tony e Thais Ltda. Ao todo, o cartão corporativo bancou R$ 103 mil em gastos no mesmo dia da realização da segunda edição da Motociata ‘Acelera para Cristo’, organizada por Jackson Villar da Silva, já denunciado pela Agência Pública por incentivar crimes no Telegram durante as eleições do ano passado. 

A segunda edição da motociata ‘Acelera Para Cristo‘ ocorreu numa sexta-feira, e reuniu milhares de participantes em um trajeto entre a cidade de São Paulo e o município de Americana, a 130 km da capital. O agora governador do estado, Tarcísio de Freitas, também participou da motociata. 

Durante o dia 15 de abril, o cartão corporativo mostra seis registros de R$9,5 mil reais e um de R$5,2 mil na mesma lanchonete Tony e Thais Ltda, localizada no bairro Planalto Paulista, em São Paulo. Com hospedagem, nesse dia, o cartão pagou R$ 8,5 mil num hotel na Faria Lima, em São Paulo, e R$ 4,1 mil em um hotel em Campinas.

O cartão também bancou R$ 2,6 mil em combustíveis no dia e foi usado 23 vezes no Auto Posto Moraes e Moraes LTDA, no valor de R$1,1 mil reais. 

Chama atenção que nos quatro anos de governo, a Lanchonete recebeu R$ 626 mil em pagamentos do cartão corporativo, divididos em 102 registros entre 2019 e 2022. O dia 15, da motociata, é o com mais gastos, R$ 62,2 mil. 

Pagamentos com o mesmo valor foram feitos repetidas vezes na lanchonete ao longo do governo Bolsonaro: foram seis pagamentos de R$ 9,5 mil, 11 de R$ 9 mil e três de R$ 6 mil.

Os valores gastos na lanchonete também variam consideravelmente: há pagamentos de R$ 150 a R$ 15 mil.

Em 4 anos, R$ 626 mil foram gastos na Lanchonete Tony e Thais

Os valores gastos na lanchonete no dia da motociata foram pagos pelo servidor da presidência Alexandre Silva Almeida, que ocupava cargo de motorista na Presidência da República. Almeida ingressou no funcionalismo público em 1995 e foi nomeado para o cargo de motorista da Presidência em portaria de abril de 2005.

O maior pagamento único feito pelo cartão da Presidência na lanchonete aconteceu no dia 11 de fevereiro de 2019, quando não havia nem 100 dias de governo Bolsonaro. O valor foi de R$ 15,2 mil. 

Jackson Villar, o organizador, descreve o evento como a “maior motociata do mundo”. Em junho de 2021, a primeira edição da motociata gerou uma investigação do Ministério Público Estadual por ter ocorrido sem segurança sanitária, durante a pandemia. À época, Bolsonaro disse que a motociata serviria para “enaltecer os valores da família, o patriotismo e em parte para defender o governo”.

Nesta primeira edição, o cartão corporativo da presidência registra R$12,9 mil na mesma lanchonete Tony e Thais. Com hospedagem, nesse dia, o cartão pagou R$ 61,3 mil num hotel na Faria Lima, em São Paulo.

Com capital de R$ 50 mil, a lanchonete foi aberta em 2005 e seus donos são Antônio Rodrigues dos Santos e Dorgival Antônio da Silva.

Gastos com cartão corporativo sob Bolsonaro podem ser maiores

Os dados de pagamentos do cartão corporativo da gestão de Jair Bolsonaro podem ser ainda maiores. Apenas em 2022, no Portal da Transparência, há registros de R$ 14 milhões em pagamentos considerados sigilosos pela Secretaria Especial de Administração da Presidência.

As informações divulgadas nesta quarta, contudo, informam ao todo R$ 4,9 milhões de gastos em todo o ano de 2022. Ou seja, há valores que são informados como sigilosos no Portal da Transparência, mas que não estão na lista de gastos divulgados pelo governo federal. A reportagem enviou pedidos de esclarecimentos e entrou com recurso no sistema de acesso à informação e ainda aguarda resposta.

Ao todo, foram liberados dados sobre R$ 27 milhões realizados em pagamentos do cartão corporativo do governo Bolsonaro. Isso equivale a 65% do total que estava sob sigilo de pagamentos do cartão pela Secretaria da Presidência — isto é, há gastos do cartão que não constam na lista tornada pública pelo governo federal.

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