Um homem foi preso após abandonar a própria mãe, uma idosa de 93 anos, em um hospital em Brasília. O caso aconteceu nessa quarta-feira (17), no Hospital Militar de Brasília (HMAB). A idosa recebeu alta há 30 dias e o homem recusou-se a levar a mãe para casa. O homem, Lauro Estevão Vaz Curvo, de 63 anos, foi detido por crime de abandono ao idoso.
Segundo a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), responsável pelo caso, a prisão ocorreu em flagrante e, caso condenado, o detido pode pegar até sete anos de reclusão.
Conforme a delegada Ângela Maria dos Santos, “o autor do crime teve inúmeras chances para buscar a mãe e afirmou que não tinha condições”.
“Ele falava que não tinha condições, sendo que ele estava administrando o dinheiro da mãe, de uma forma que a gente vai investigar se ele estava se apropriando do dinheiro dela. O hospital ofereceu homecare, ambulância, mas ele não aceitava, pois tinha que comprar uma alimentação especial. Ele foi no hospital falar que iria pegar, mas chegou lá e se recusou a pegar a mãe. Neste momento, foi preso em flagrante”, disse a delegada.
Após ser detido, o homem passou por exames no Instituto Médico Legal (IML) e foi conduzido à carceragem da PCDF, onde aguarda por audiência de custódia, que deve ocorrer nesta sexta (19).
Em nota, o hospital informou que, por diversas vezes, informou ao homem sobre a necessidade “do acompanhamento permanente à mesma durante a internação”.
Ainda segundo a PCDF, em 2021, Lauro Estevão Vaz Curvo teve o registro profissional médico cassado pelo Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM-DF) por abusar de pacientes. Os crimes ocorreram em 2009 e 2010, no Centro de Saúde 1, em São Sebastião. Em 2013, ele foi condenado.
LEIA NOTA DO HOSPITAL MILITAR DE BRASÍLIA:
“O Comando Militar do Planalto (CMP) e o Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB) informam que:
1) A paciente, de 93 anos, está internada no hospital desde o dia 4 de abril de 2023. A idosa deu entrada no hospital, após ser transferida por hospital da rede credenciada, para ser avaliada sobre a possibilidade de atendimento domiciliar.
2) Durante todo o período de internação, por inúmeras vezes, o filho da paciente, Sr Lauro Estevão Vaz Curvo, que se apresentou como responsável pela mesma, se ausentou do acompanhamento à idosa sem deixar outro acompanhante ou cuidador, embora alertado e orientado diversas vezes sobre a necessidade imperiosa do acompanhamento permanente à mesma durante a internação.
3) No dia 28 de abril de 2023, após a conclusão de tratamento infeccioso, a equipe médica do hospital deu alta hospitalar à paciente, com a indicação da realização de fisioterapia e fonoaudiologia em domicílio. Desde então, foi dada ciência ao responsável sobre a liberação da idosa para a sua residência, no intuito, inclusive, de preservá-la de um possível novo quadro infeccioso hospitalar.
4) No dia 4 de maio de 2023, o HMAB enviou uma notificação formal ao filho da paciente para que a idosa fosse conduzida para casa, mas não teve êxito, persistindo, assim, as ações e omissões protelatórias e a situação de acompanhamento intermitente.
5) Diante das constantes omissões do familiar, no dia 12 maio de 2023, com o intuito de buscar uma solução que garantisse a preservação da saúde e o direito ao acompanhamento da idosa, a Direção do Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB) encaminhou uma notificação à Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin-DF).
O Hospital Militar de Área de Brasília (HMAB) também informa que, no momento, a paciente permanece internada e encontra-se estável, em condições de alta hospitalar e em plenas condições de dar continuidade às condutas terapêuticas de fisioterapia e de fonoaudiologia em domicílio, já tendo, inclusive, a autorização do FuSEx para a assistência necessária a ser prestada por empresa credenciada para os respectivos serviços. A Direção do hospital determinou, ainda, o acompanhamento permanente à idosa, por meio de escala de pessoal do próprio hospital militar, em rodízio”.
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